segunda-feira, 19 de abril de 2010

Uma breve nota sobre o veganismo abolicionista como campanha de um só tema

Postado por Gary L. Francione em seu blog em 17 de abril de 2010

Caros(as) colegas:
Qualquer pessoa que alegar que o veganismo ético, conforme representado na abordagem abolicionista dos direitos animais, é uma campanha de um só tema não entende nem o veganismo ético abolicionista nem as campanhas de um só tema.
Veganismo ético é a ideia de que não devemos usar animais para propósitos humanos, seja para comida, vestuário ou qualquer outra coisa. O veganismo ético reflete a visão de que, em termos morais, não podemos fazer uma distinção entre os diferentes tipos de exploração animal, e que devemos abolir completamente a exploração animal.
O veganismo ético é a aplicação do princípio da abolição à vida individual e requer que a pessoa se abstenha de todas as formas de uso ou consumo de animais.
O veganismo ético reconhece que todos os seres sencientes têm interesse não apenas em não sofrer, mas também em continuar a viver. Portanto, matar animais para o uso humano é fundamentalmente injusto, mesmo se tratarmos os animais de um modo “humanitário”.
As campanhas de um só tema focam em determinados usos de animais ou em determinadas espécies. Exemplos: uma campanha contra a pele; uma campanha contra o uso de animais selvagens em circos; uma campanha contra a vitela branca para encorajar o consumo de vitela rosada, ou contra os ovos produzidos em gaiolas de bateria em favor dos ovos “livres de gaiolas”; um boicote a um estado porque ele permite matar um determinado tipo de animal “favorecido”, como os lobos. Todas as organizações de defesa animal predominantes promovem campanhas de um só tema. Nenhum grupo predominante adotou o veganismo ético como seu foco exclusivo, ou mesmo como um foco central.
Um vegano ético não apoiaria nenhuma exploração animal. Portanto, dizer que o veganismo ético é uma campanha de um só tema é não entender a natureza do veganismo ético ou o fato de que as campanhas de um só tema se fiam em distinguir entre diferentes formas de exploração animal e promover a ideia de que algumas formas são piores do que outras e, por implicação, que outras formas de exploração são moralmente desejáveis ou moralmente aceitáveis.
Pode-se, evidentemente, usar a palavra “veganismo” referindo-se somente à dieta, no sentido de que uma pessoa que não come nenhum produto animal pode ser considerada uma pessoa que tem uma dieta vegana. Esse uso de “vegano” é mais restrito do que a ideia que eu desenvolvi em minha teoria abolicionista. Promover uma dieta vegana é mais como uma campanha de um só tema do que promover o veganismo ético e a abolição de todos os usos de animais. Mas a realidade prática é que se as pessoas rejeitassem a ingestão de todos os produtos animais, nós veríamos uma rejeição de todos os outros tipos de uso de animais. A mais significativa forma de exploração animal –a forma que “legitima” todas as outras– envolve o uso de animais como comida. Se você remove esse uso, você remove todos os outros.
Mas sejamos claros: o veganismo ético abolicionista rejeita todos os usos de animais. Como tal, chamá-lo de “uma campanha de um só tema” é não entender o que é o veganismo ético, ou deturpá-lo.
Gary L. Francione
© 2010 Gary L. Francione
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Tradução: Regina Rheda